10 livros que todo jornalista deve ler – por Eliane Brum

Já publicamos uma lista de livros essenciais para todos que admiram o bom Jornalismo Literário. A lista destaca os 32 volumes da coleção JL da editora Cia. das Letras. Na lista de hoje, destacamos 10 livros indicados pela jornalista escritora, documentarista e, atualmente, colunista do jornal EL País, Eliane Brum. As indicações vão desde clássicos mundiais até obras de renome nacional. A entrevista com Eliane Brum foi feita pelos repórteres Jéssica Oliveira e Guilherme Sardas para o Portal Imprensa. Confira as indicações dessa super referência do JL brasileiro:

1 – As Ilusões Perdidas ( e toda a série A Comédia Humana), de Honoré de Balzac

As ilusões perdidas

Edição Pinguim Companhia

Sinopse: O jovem poeta Lucien Chardon decide deixar o interior da França e viver em Paris para tentar se realizar profissionalmente: ele ambiciona se tornar escritor. Com a ilusão de conseguir viver dessa atividade, instala-se na capital com dois originais prontos debaixo do braço: um livro de poemas e um romance histórico.
Lucien consegue emprego na imprensa diária e descobre que o compromisso com a ética e a verdade não é o forte dos jornalistas. Na França de 1820, a corrupção, o suborno, as trapaças políticas e as artimanhas jurídicas fazem parte da profissão.
Publicado em 1843, o romance é uma das obras-primas da literatura universal. Além de um encarte de apoio pedagógico, a edição traz um apêndice com informações sobre o contexto histórico em que a obra foi escrita, sobre a escola literária a que pertence e sobre a vida do autor.

 

 

2 – O Continente, de Erico Veríssimo

o continente

Edição Cia. das Letras

Sinopse:  A trilogia O tempo e o vento é a mais famosa saga da literatura brasileira. São 150 anos da história do Rio Grande do Sul e do Brasil que o escritor compôs em três partes – O Continente, O retrato e O arquipélago -, publicadas entre 1949 e 1962.
O primeiro volume de O Continente abre a trilogia. Erico mergulha no passado do Rio Grande do Sul e do Brasil em busca das raízes do presente. O país vive um momento de redescoberta de si e de redefinição de caminhos, com o fim do Estado Novo e da Segunda Guerra Mundial, e o começo da Guerra Fria. Essa é a moldura para sua visão vertiginosa da violência e das paixões na definição da fronteira e nas guerras civis de seu estado natal.
O Continente, segundo o crítico literário Antonio Candido “um dos grandes romances da literatura brasileira”, lança o leitor em plena ação, durante o cerco das tropas federalistas ao Sobrado do republicano Licurgo Cambará, em 1895, para em seguida retroceder um século e meio e mostrar as origens míticas e históricas do clã Terra Cambará.  Acompanhando a formação dessa família, Erico nos apresenta toda a saga.

“Só há um romancista brasileiro que partilha com Jorge Amado o êxito maciço junto ao público: Erico Verissimo.” – Alfredo Bosi

 

3 – Reparação, de Ian McEwan

reparação

Edição Cia. das Letra

 

Sinopse: Na tarde mais quente do verão de 1935, na Inglaterra, a adolescente Briony Tallis vê uma cena que vai atormentar a sua imaginação: sua irmã mais velha, sob o olhar de um amigo de infância, tira a roupa e mergulha, apenas de calcinha e sutiã, na fonte do quintal da casa de campo. A partir desse episódio e de uma sucessão de equívocos, a menina, que nutre a ambição de ser escritora, constrói uma história fantasiosa sobre uma cena que presencia. Comete um crime com efeitos devastadores na vida de toda a família e passa o resto de sua existência tentando desfazer o mal que causou.

 

 

 

 

4 – A Marca Humana, Philip Roth

a marca humana philip roth

Edição Cia. das Letras

Sinopse: Coleman Silk, professor de letras clássicas numa universidade da Nova Inglaterra, aos setenta anos se vê obrigado a pedir exoneração e a se afastar do meio acadêmico. O motivo é uma acusação de racismo. Coleman empregou uma palavra de duplo sentido ao se referir a alunos que não compareciam às aulas. Ignorava serem negros, pois nunca os tinha visto, e portanto não atinou que suas palavras poderiam ser tomadas como ofensa.
Virá em seguida uma acusação de abuso sexual, contra uma faxineira de 35 anos que trabalha no campus. A ideologia do politicamente correto tomou o poder na universidade e disparou sua artilharia contra o velho professor judeu, que agora, como no passado, se recusa a sujeitar-se aos padrões dominantes.
Execrado publicamente, Coleman trava contra a faculdade uma batalha humilhante. O ambiente carregado de ódio recrudesce quando o ex-marido da faxineira, um veterano da Guerra do Vietnã mentalmente perturbado, cruza seu caminho. O ciúme se mistura ao rancor, por ser Coleman intelectual, velho e judeu. Perdido na névoa de um delírio homicida, o veterano encarna os piores pesadelos americanos, com os quais Coleman terá de ajustar contas.
Mas o mesmo professor que antes revolucionara a faculdade e se fizera admirar pela audácia guardou um segredo por cinco décadas. Nem a esposa nem os filhos conheceram sua verdadeira origem racial, pois aos vinte anos, ao entrar na marinha, Coleman Silk descobriu que ela não era evidente e que podia manobrá-la. A marca humana, entretanto, não se apaga. Não há destino, individual ou coletivo, capaz de pôr-se a salvo dos seus vestígios.
Ao lado de Pastoral americana e Casei com um comunista, este romance compõe a grande trilogia de Philip Roth (1933) sobre a vida na América do pós-guerra – um painel impressionante em que indivíduos de grande vigor moral e intelectual são assolados por forças históricas fora de controle.

 

5 – Hiroshima, de John Hersey

livro hiroshima

Edição Cia. das Letras

Sinopse: A mais importante reportagem do século XX – um retrato de seis sobreviventes da bomba atômica escrito um ano depois da explosão. Quarenta anos mais tarde, o repórter reencontra seus entrevistados. A bomba atômica matou 100 mil pessoas na cidade japonesa de Hiroshima, em agosto de 1945. Naquele dia, depois de um clarão silencioso, uma torre de poeira e fragmentos de fissão se ergueu no céu de Hiroshima, deixando cair gotas imensas – do tamanho de bolas de gude – da pavorosa mistura. Um ano depois, a reportagem de John Hersey reconstituía o dia da explosão a partir do depoimento de seis sobreviventes. Quarenta anos depois, Hersey voltou a Hiroshima e escreveu o último capítulo da história dos hibakushas – as pessoas atingidas pelos efeitos da bomba. Hiroshima permitiu que o mundo tomasse consciência do catastrófico poder de destruição das armas nucleares. O livro é tão importante que não é a primeira vez que o JL blog cita a obra – veja mais.

 

 

6 – Fama & Anonimato, de Gay Talese

Edição Cia. das Letras

Edição Cia. das Letras

Sinopse: No início dos anos 60, o repórter Gay Talese saiu pela ruas de Nova York e descobriu uma segunda Estátua da Liberdade, cuja única função seria confundir os desavisados. Constatou também que os nova-iorquinos piscavam em média 28 vezes por segundo; que sob chuva o movimento do comércio caía de 15% a 20%, mas menos gente se matava nesses dias; que um mergulhador ganhava a vida recuperando objetos perdidos no fundo da baía de Nova York; que as prostitutas promoviam anualmente um baile em homenagem aos cafetães da cidade, e que as faxineiras do Empire State encontravam mais ou menos 5 mil dólares por ano nas 3 mil salas do edifício.
Fama e anonimato está repleto de informações assim: aparentemente inúteis, mas que, nas mãos de um escritor de primeira categoria, imprimem a textura real da cidade e o rosto de seus habitantes. Nas três séries de reportagens reunidas neste livro – a primeira, sobre o estranho universo urbano que é Nova York; a segunda, sobre a saga da construção da ponte Verrazzano-Narrows, e a terceira, sobre artistas e esportistas americanos -, Talese abriu a picada do que mais tarde seria batizado de “novo jornalismo” ou jornalismo literário, um tipo de reportagem que alia um texto de alta qualidade a um olhar que foge aos lugares-comuns.
Foi esse espírito de observação que levou Gay Talese a escrever um perfil considerado exemplar pela leveza e audácia com que foi feito: “Frank Sinatra está resfriado”. Nesse texto, incluído na terceira parte do livro, o repórter faz um retrato certeiro do cantor, sem que tenha conseguido entrevistá-lo.
Publicado no Brasil pela primeira vez em 1973, sob o título Aos olhos da multidão, o livro se tornou uma raridade disputada em sebos.

7 – O Óbvio Ululante, de Nelson Rodrigues

  Sinopse: As passeatas, o ‘Poder jovem’, a esquerda festiva, os festivais da canção, a agressão ao elenco de Roda viva, a pregação da violência, o Vietnã, Sartre, Mao Tsé-Tung, d. Hélder – eis aqui, em ‘O Óbvio Ululante’, um fabuloso painel de 1968 pela ótica única de Nelson Rodrigues.

Edição Cia. das Letras

Edição Cia. das Letras

‘O Óbvio Ululante’ é uma seleção de suas ‘Confissões’, crônicas publicadas no jornal O Globo naquele ano. Dia após dia, escrevendo na redação, ao som das ruas, Nelson descreveu o que parecia ser uma tentativa de virar o mundo de pernas para o ar – e sintetizou tudo aquilo numa prosa que, hoje, espanta pela coragem, pelo deboche e pela perenidade de suas observações.

 

 

 

 

8 – O Anjo Pornográfico, de Ruy Castro

Edição Cia. das Letras

Edição Cia. das Letras

 

Sinopse: A vida de Nelson Rodrigues (1912-1980) foi mais espantosa do que qualquer uma de suas histórias. E olhe que ele escreveu peças como Vestido de noiva e Boca de ouro, romances como Asfalto selvagem e O casamento e os milhares de contos de A vida como ela é… . Mas foi de sua vida, e da vida de sua trágica família, que Nelson Rodrigues extraiu a obsessão pelo sexo e pela morte.
Gênio ou louco? Tarado ou santo? Reacionário ou revolucionário? Nenhum outro escritor brasileiro foi tão polêmico em seu tempo.
Para escrever O anjo pornográfico, Ruy Castro, autor do consagrado Chega de saudade, realizou centenas de entrevistas com 125 pessoas que conheceram intimamente Nelson Rodrigues e sua família. Elas o ajudaram a reconstituir essa assombrosa história, capaz de arrancar risos e lágrimas.

 

 

 

9 – Martin Eden, de Jack London

martin eden

Edição Abril Cultural

Sinopse:Um romance com muito de autobiográfico, esta é a história de Martin Eden, alter-ego de London, um jovem que quer vir a ser, e de facto se torna, escritor. Tal como London, Eden nasceu pobre, andou pelas margens da sociedade, descobriu mais tarde a cultura e trabalhou arduamente para vingar, vindo a alcançar o sucesso com o seu trabalho. Uma história inspiradora de superação.

 

 

 

 

 

 

10 – Na natureza selvagem, de John Krakauer 

Edição Cia. das Letras

Edição Cia. das Letras

Sinopse: Depois de terminar a faculdade com brilhantismo, Chris McCandless, jovem americano saudável e de família rica, doa todo o dinheiro que tem, abandona o carro e a maioria de seus pertences, adota outro nome e some na estrada, sem nunca mais dar notícias aos pais. Dois anos depois, aparece morto num lugar ermo e gelado do Alasca. Por onde andou, o que buscava, por que morreu? Quem era realmente Chris McCandless? Para responder a essas perguntas, Krakauer refaz a longa saga do aventureiro até seus triste desenlace. Uma história verdadeira, mas com todos os ingredientes de um romance de ficção.

 

 

 

 

 

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*Sinopses escritas pela Cia. das Letras, Livrarias Saraiva e Livraria Cultura.

**A lista não está por ordem de importância atribuída pela Eliane Brum.

***Lista produzida pelo Portal Imprensa.

6 pensamentos sobre “10 livros que todo jornalista deve ler – por Eliane Brum

  1. Um autor que me parece imprescindível hoje, Eliane Brum: W. G. Sebald. Austerlitz me parece o melhor livro dele. Você gosta? Parabéns pelo seu trabalho.

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